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  • Marina

Projetos do inverno: tricô, crochê e um pouco de organização



Todo ano é assim: sem nenhum planejamento da minha parte, junho me faz automaticamente entrar em modo hibernação; em julho eu sumo do mundo, e fico presente apenas para meu universo imediato; e os meados de agosto vão trazendo de volta, junto com a brisa mais quente e os dias mais longos, a vontade de colocar o nariz pra fora da toca. Chega setembro, e eu volto a escrever para amigas, respondo mensagens que não respondia há dois meses, e vou retomando a vontade de compartilhar o que tenho feito. Eu juro que não planejo nada disso, mas é incrível como todo ano é assim que o inverno acontece. Até parece que eu coloquei na agenda.


Os meses de inverno deste ano foram quietos pro mundo exterior, porém bastante movimentados por aqui. No quesito pessoal, foi um inverno de despedidas: das mais sutis – como algumas tomadas de decisão internas, tipo a de estar menos no Instagram – às mais óbvias – com a despedida da minha avózinha, mãe da minha mãe, de quem nos despedimos aos quase 90 anos. E ainda, foi um momento em que comecei vários novos projetos, na quietude do meu retiro do mundo. Alguns desses projetos são literalmente mudanças de vida; outros, tocam o Atelier; mas outros são totalmente despretensiosos – e é sobre eles que eu queria contar aqui hoje. Então imagine que esse post é como se você tivesse vindo visitar o atelier e eu estivesse te mostrando tudo o que eu ando fazendo.


Ter no horizonte (ainda que distante!) essa mudança de vida (e de casa) que mencionei, já me deu um faniquito enorme de começar a arrumar armários e me desfazer de supérfluos. Mesmo que a mudança esteja ainda muito no futuro (mais de ano!), minha vontade real era de começar a encaixotar tudo se pudesse!


Como isso ainda não é possível, meu jeito de pelo menos sentir que estou dando algum encaminhamento para aquilo que não vou querer carregar pra casa nova é transformar esses "excessos" em projetos. Foi assim que comecei dois deles nesse último mês, olhando para a minha caixa de fios, e percebendo que muitos deles já estão ali há anos... e que portanto mereciam um ultimato: que sejam usados agora ou passados pra frente!



Com alguns destes fios e comecei a tecer uma manta de quadradinhos de crochê – 'granny squares', sabe? Há tempos não fazia nada em crochê, mas fiquei inspirada por um email que recebi da Purl Soho, que mostrava um projeto lindo de uma manta desse tipo. Estou usando vários fios diferentes, e sendo bem sincera, não estou apaixonada por essa combinação de cores – lembremos, afinal, que ela provém de fios que foram ficando pra trás – mas o processo de tecer esses quadradinhos está muito gostoso, muito pelo fato de ser um projeto tão simples e sem pretensão. Se não amar ele no final, vira um presente pra alguém que goste mais. É bom ir fazendo coisas assim, só pelo prazer de fazer. E quando vai ficar pronto? Não faço ideia! Pois serão 54 quadradinhos pra completar a manta – e em um mês, eu fiz... 9.



Outro projeto que comecei (mas que devo finalizar bem mais rapidamente) foi motivado pela notícia de uma amiga que terá bebê em breve. Ela não está em condições financeiras de comprar um enorme enxoval para o novo bebê, então olhei para um fio de algodão que trouxe de uma viagem, em um tom de verde bem calminho, e que estava esperando há anos para ser usado e finalmente resolvi que seria muito melhor se ele virasse um peça de roupa para esse novo bebê do que continuar ali tomando pó. Assim comecei a tricotar um suéter, tipo de projeto que tem a vantagem de ser super rápido de fazer. Estou usando esta receita, que peguei no site da Drops Yarn, uma marca de fios dinamarquesa que disponibiliza centenas de receitas de tricô e crochê, de todos os tipos, de graça, e muitas com tradução pra português! (vale uma passeada por lá).


Além desses dois projetos, já tinha mais um nas agulhas, começado lá em março: desfazer uma manta de sofá (feita de um fio de algodão delicioso, super macio) que havia sido parcialmente mastigada pela Olivia (minha gata que de santa só tem a cara) e transformá-la em uma blusa para meu marido. Estou adaptando (ou na verdade, vagamente me guiando) na receita de uma blusa da Gregoria Fibers que já fiz para mim, e tentando convertê-la numa versão masculina. Está indo bem e o marido parece contente! :) Só falta uma manga para ser tecida, então acredito que até o final do ano eu termino... mas nossa, como são infinitos projetos para homens, socorro! rs.



Você, faz mil projetos por vez, ou termina um de cada vez pra não acumular? No quesito 'projetos com linhas' eu sempre fui do time que prefere fazer um por vez, mas sinceramente estou adorando ter vários nas agulhas ao mesmo tempo.


gato meramente ilustrativo

Cada projeto desses eu guardo em uma sacola de tecido, acho prático assim (e tenho muitas sacolas dessas aqui em casa.) O problema é que elas começaram a se acumular no cabideiro da entrada. E, ainda que o santo do meu marido (que é um virginiano minimalista e organizadíssimo) não tivesse ainda comentado nada sobre essa profusão abusiva de sacolas, eu tive a ideia de criar, de maneira bem simples, uma espécie de cabideiro em uma das paredes do atelier, para poder acomodá-las. E, melhor ainda, consegui fazer o "cabideiro" com coisas já tinha em casa – apenas uma tira de madeira e alguns ganchos parafusáveis. Ficou simples, mas funciona e mantém minha bagunça organizada em um lugar que o marido não pode se queixar.



Se por um lado a mudança de casa iminente (mas não imediata, pra desespero da minha ansiedade) me faz querer arrumar coisas, por outro não tira em nada minha vontade de continuar fazendo pequenas mudanças na casa atual. Não iremos a lugar nenhum por um bom tempo, por isso tento focar no fato de que melhorias por aqui ainda são bastante válidas, na medida em que impactam diretamente nosso dia-a-dia. Então porque não, certo? Melhor encarar um dia após o outro. Acho que fazer isso também me tira da sensação de estagnação desconfortável (já contei que sou aquariana?)


Outra coisa que consegui fazer nesses últimos meses foi diminuir (porém ainda não eliminar por completo) a pilha de roupas a serem remendadas/consertadas que havia se formado no último ano. Preguei botões, remendei meias, cerzi calças – uma delas, um jeans que era da minha mãe, e que já tem pelo menos 25 anos, e muitos remendos na sua história, a maioria deles feitos pela minha avó... o que deixou remendá-la neste momento ainda mais especial. E agora estou ainda mais animada em terminar com a pilha de consertos pois comprei o livro da Arounna Khounnoraj (mais conhecida como Book.hou — você segue ela no Instagram?) sobre "Visible Mending" (Remendo Visível, em português). A ideia (que anda bem popular entre quem gosta de manualidades) é consertar rasgos e furos em roupas de maneira que o remendo fique, não só aparente, como valorizado – com linhas diferentes, cores contrastantes, chamando atenção ao invés de tentar esconder, o que dá todo um charme e interesse a mais para a peça. Eu amo todo esse universo que tem se aberto para a gente conseguir ser cada vez mais consciente em relação aquilo que vestimos e já temos. Coisa linda.



um remendo feito por mim (tecido estampado) e o outro feito pela vó... e assim uma calça vira uma história

E por último, fora tudo isso... comprei uma máquina de escrever (uma Lettera 82 da Olivetti, que pretendo deixar limpinha e revitalizada — fotos em breve!) e mudei a cor de uma bolsa de couro, que era rosa claro e pintei de preto, pra poder doar outra preta que tinha aqui porém mais velhinha. E aliás, o resultado foi surpreendentemente satisfatório e perfeito, porque eu sabia que corria o risco grave de perder a bolsa caso ficasse uma bela meleca!


Me conta se o inverno (ou verão dependendo de onde você está) trouxe novos projetos por ai também?

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